O aprendizado do "falar"

ainda o livro de Rudolf Steiner: Andar, falar, pensar


O segredo da evolução humana: aquilo que em certa etapa da vida é anímico-espiritual torna-se posteriormente físico, manifesta-se fisicamente depois de muitos anos.

O falar desenvolve-se a partir da orientação no espaço.
A fisiologia moderna sabe hoje que, ao realizarmos nossos afazeres com a mão direita, isto determina uma circunvolução no lado esquerdo do cérebro que provoca o movimento da fala. Esta fisiologia já estabelece uma correspondência entre o movimento da mão direita e o denominado "órgão de Broca", localizado na metade esquerda do cérebro.
A maneira como a mão se move, como faz gestos, como a energia se derrama nela - tudo se transmite ao cérebro e plasma o aspecto motor da fala.

Mais recente: a fala não provém unicamente do movimento da mão direita, mas de todo o organismo motor do homem. A maneira como a criança aprende a andar, a orientar-se no espaço, como aprende a converter os primeiros e indeterminados movimentos dos braços em gestos consequentes, relacionados com o mundo exterior, tudo isso se transporta através da misteriosa organização interna do homem para a organização da cabeça,manifestando-se na fala.

E do fato de levarmos amorosamente a criança a andar é aquilo de que muito dependerá sua maneira de dominar a fala.

Aprendendo a andar

do livro "Andar, falar, pensar", de Rudolf Steiner (da antroposofia)

Tudo o que no adulto está localizado nos sentidos distribui-se, na criança, por todo o organismo. São adquiridas, nos primeiros anos, três atividades - três faculdades - que condicionarão toda a sua vida: andar, falar, pensar.

Aprender a andar implica colocar-se em posição de equilíbrio diante do mundo espacial. Aprender a andar significa encontrar as direções espaciais do mundo e nelas engajar o próprio organismo.
Tudo nos primeiros anos de vida, tudo tem de ser aprendido através da imitação, captado pela imitação do meio ambiente. ( o organismo faz brotar de si próprio as forças orientadoras, como- estar apto a colocar-se em posição vertical, não permanecendo em posição horizontal, como ao engatinhar; e a utilizar os braços de forma adequada, em equilíbrio diante do mundo espacial-. Tudo isto é inerente à própria criança originando-se dos próprios impulsos do seu organismo).

Pois, bem... quando obrigamos erroneamente a criança a andar através de métodos externos, não nos limitando a ajudá-la - querendo, ao contrário , pressioná-la a andar, a ficar de pé, - prejudicamos sua vida até à morte - especialmente na idade mais avançada. "na idade infantil se encontra o germe de toda a vida humana terrena"

"Tomemos uma criança que, por quaisquer meios coercitivos considerados corretos, tenha sido obrigada a andar, a orientar-se no espaço e observemo-la então, depois, aos cinquenta anos - entre os cinquenta e os sessenta. Nós a veremos, a essa altura, padecendo de todas as possíveis enfermidades metabólicas, incontroláveis por ela: reumatismo, gota, etc..

"Quando se vê, numa criança, o organismo orientar-se para ficar ereto, para andar; quando se atenta com íntimo sentimento de amor para esse maravilhoso segredo do organismo humano, que é capaz de progredir da posição horizontal para a vertical; ...quando, em outras palavras lá se está como guia auxiliar no andar, no aprender a orientar-se ...à medida que se acompanha com amor cada manifestação dessa natureza humana, produzem-se na criança forças sadias, ainda visíveis justamente num metabolismo sadio entre os cinquenta e os sessenta anos, quando é necessário controlar esse metabolismo".

Maravilhosa natureza humana!!!

As coisas são como devem ser

(do livro de Anthony de Mello: "Verdades de um minuto" )-

A pessoa iluminada- disse o Mestre- é a que considera tudo perfeito no mundo, exatamente como está.- E o jardineiro? - alguém perguntou - Também é perfeito?
O jardineiro do mosteiro era corcunda.
- Para aquilo que ele é destinado a fazer na vida - disse o Mestre -, o jardineiro é um corcunda perfeito.

A idéia de que tudo no mundo é perfeito era demais para os discípulos. Por isso, o mestre explicou-a por meio de conceitos que podiam entender.
- Deus tece desenhos perfeitos com as linhas de nossas vidas - disse ele -, mesmo com nossos pecados. Não percebermos porque estamos olhando o avesso da tapeçaria.
E, de modo mais sucinto:
- O que algumas pessoas tomam por uma simples pedra reluzente, o joalheiro reconhece como sendo um diamante.

Quem estamos vendo à nossa frente?

(do livro: "Verdades de um minuto" de Anthony de Mello)

O mestre gostava de contar este caso que acontecera com ele mesmo:
Quando seu primeiro filho nasceu, ele foi ao berçário e viu sua mulher de pé inclinada sobre o berço do nenê. Observou-a em silêncio, enquanto ela contemplava a criança adormecida. No rosto dela ele viu admiração, incredulidade, enlevo, êxtase. Comovido até as lágrimas, chegou de mansinho até ela, enlaçou-a e sussurrou:
- Sei exatamente o que está sentindo, querida.
Saindo de seu devaneio, ela falou sem pensar:
- Sim. Palavra de honra, não entendo como podem fazer um berço desses por vinte dólares.

Vemos a nós mesmos no "outro".